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Pesquisa de doutorado resulta em capítulo de livro que retrata a religiosidade e ritos enquanto patrimônio cultural

  • Publicado: Segunda, 23 de Agosto de 2021, 20h22
  • Última atualização em Segunda, 23 de Agosto de 2021, 20h22
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Com abordagens antropológica, sociológica, histórica, psicológica e de outras áreas da saúde, contemplando os recortes de gênero, raça, cor, etnia, geração e classe social perpassando a subjetividade dos sujeitos quanto à saúde, doença, suicídio, memória, religiosidade, espiritualidade, felicidade, sofrimento, raiva, amor, tristeza, violência, luto e morte. O Grupo de pesquisa transdisciplinar sobre corpo, saúde e emoções – Corpostrans/ CNPq/CCHL/UFPI publicou agora em 2021 o livro “Religiões, ritos e patrimônios culturais”.

Organizado pelas professoras Dras. Francisca Verônica Cavalcante, Maria Conceição Soares Meneses Lage, Maria do Amparo Alves de Carvalho e pelo Professor Márcio Douglas de Carvalho e Silva, o Livro resulta de pesquisas desenvolvidas por diversos pesquisadores junto ao Grupo Interdisciplinar de Estudos e Pesquisas em Cultura, Educação e Política (GICEP/IFPA). Publicado pela Editora da Universidade Federal do Piauí (Edufpi) em parceria com a Editora Cancioneiro, o livro retrata o campo das pesquisas na área da religiosidade, dos rituais e do patrimônio cultural no Nordeste brasileiro, em especial aquelas situadas no Estado do Piauí. A obra tem 356 páginas e foi estruturada em quatro partes:

A primeira parte apresenta diálogos sobre religiosidade, cinema, música, identidade e política. A segunda traz reflexões sobre religiões e gerações, emoções sobre saúde, doença, finitude da vida e prevenção ao suicídio. Na penúltima parte, o leitor encontra pesquisas de campo sobre rituais religiosos, gêneros e memórias do sagrado, experiências e vivências em círculo de mulheres, a memória, o mítico e o sagrado. E na quarta e última parte, os temas percorrem os conhecimentos de arqueologia e antropologia, patrimônio cultural e (in)visível, perspectiva de gênero através de metodologia da oralidade.

Um dos capítulos da terceira parte é resultante da pesquisa de doutorado do professor Breno Rodrigo de Oliveira Alencar, um antropólogo e sociólogo que atua no IFPA campus Belém desde 2014, onde é líder do Grupo Interdisciplinar de Estudo e Pesquisa em Cultura, Educação e Política (GICEP). Breno também é membro do Grupo de Pesquisa Transdisciplinar sobre Corpo, Saúde e Emoções (Corpostrans) da Universidade Federal do Piauí.

“Pesquisas de campo sobre rituais religiosos, gêneros e memórias do sagrado: a ritualização e os sentidos do noivado para casais e pastorais familiares na cidade de Teresina”

O capítulo “Pesquisas de campo sobre rituais religiosos, gêneros e memórias do sagrado: a ritualização e os sentidos do noivado para casais e pastorais familiares na cidade de Teresina”, presente na terceira parte deste livro, é resultante da trajetória acadêmica do professor do IFPA Breno Rodrigo de Oliveira Alencar iniciada na Universidade Federal do Pará em 2007. Orientado pela antropóloga e historiadora Cristina Cancela, sua primeira pesquisa foi sobre casamentos em Belém na passagem do século XX para o século XXI. O gosto pela temática o levou a desenvolver um projeto, com financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), que resultou no Trabalho de Conclusão de Curso sobre casamento, homogamia e migração em Belém entre 1996 e 2005. E um projeto de mestrado que abordava o casamento e o noivado na história e na literatura.

“Como a pesquisa desenvolvida no mestrado teve um caráter de revisão bibliográfica, minha orientadora, professora Carmem Izabel Rodrigues, e professoras como Maria Angélica Maués e Edna Alencar, sugeriram que eu voltasse meu olhar para as práticas nupciais contemporâneas, o que deveria se dar por meio de entrevistas com noivos e etnografias em cursos de noivos”, relembra professor Breno.

No seu projeto de doutorado em Sociologia e Antropologia da Universidade Federal do Pará (UFPA) em 2015, Breno seguiu as sugestões das orientadoras para ampliar a pesquisa e consolidar as comparações das formas de relacionamento amoroso, principalmente as associadas ao casamento e ao noivado. Com a possibilidade de afastamento do Campus e de suas atividades, as pesquisas etnográficas foram desenvolvidas em Belém, Teresina e Brasília.  “Frequentei disciplinas de antropologia na Universidade Federal do Piauí sob a supervisão da professora Francisca Verônica Cavalcanti, organizadora do livro. Em Brasília, repeti a metodologia ao mesmo tempo em que frequentei disciplinas de antropologia na Universidade Nacional de Brasília sob a supervisão da professora Andrea Lobo”, relembra.

Uma das primeiras constatações dos estudos é que o noivado e os rituais nupciais não são objetos de pesquisa tão recorrentes na literatura socioantropológica brasileira. O casamento não é um fim em si mesmo, mas uma das formas criativas que o ser humano escolhe para viver em sociedade. “As pesquisas geralmente dão mais atenção para o casamento e tentam explicar seu sucesso ou fracasso, enquanto instituição social, a partir de uma visão muito generalizada sobre os padrões de relacionamento amoroso”, analisa.

Sobre a pesquisa, Breno destaca que o foco do texto é o relacionamento amoroso. “É muito importante analisar, por exemplo, o namoro e como se constroem as personalidades, em um sentido relacional, dos sujeitos que formam o casal – e aqui não me refiro exclusivamente aos casais heterossexuais. E, mais ainda, o noivado, por que quem escolhe noivar quer casar, ou acredita que esse é um objetivo em qualquer relacionamento. Ou seja, se você chegou nesta etapa é porque já "conhece" (em um sentido ontológico mesmo) seu parceiro ou parceira, tem uma ideia, se não clara ao menos imaginada, do que é o casamento como relacionamento”.

O capítulo poderá chamar a atenção do leitor pelo fato de apresentar o sentido e o significado do casamento, do noivado, do relacionamento de um modo geral, e o fato deste entendimento variar em relação, por exemplo, ao observado em Belém ou em outras regiões do país. “Em Teresina, o peso da família nas escolhas pessoais dos sujeitos é muito grande, a ponto da decisão de noivar ou de casar depender da compatibilidade de crenças, valores e comportamentos entre os parceiros e seus genitores. Por outro lado, ao passo que em Belém a religiosidade tem uma relevância muito maior na construção do imaginário sobre a ritualização do noivado e do casamento do que em outras cidades do Brasil, em Teresina a religiosidade assume um caráter normativo, colocando de lado o próprio simbolismo do casamento religioso em benefício de sua liturgia. Enfim, acredito que o capítulo pode levar o leitor a expandir sua visão sobre relacionamento em uma perspectiva cultural”, avalia.

Questionado sobre as contribuições da obra, o professor Breno esclarece que as ciências humanas não devem ter um cunho utilitarista. Seu texto é uma contribuição antropológica para outros pesquisadores e pesquisadoras. Uma contribuição reflexiva para esta e as próximas gerações, e leitores interessados em expandir a visão sobre os ritos e as práticas que fazem parte da vida social. Destaca que o livro, como um todo, apresenta análises sobre os fenômenos da vida social, como religião, espiritualidade, rituais, imaginário, crenças, mitos, identidade, morte, envelhecimento e memória. “Tudo aquilo que aos olhos mais utilitários podem parecer insignificantes, mas que dão um profundo sentido ao metier antropológico e as pessoas e comunidades que compartilham suas experiências de vida. O livro me parece, ao mesmo tempo, um registro de nossa vida social, mas também um inventário aos olhos daqueles que podem um dia procurar entender que significado dávamos as nossas vidas neste momento em que vivemos (ou sobrevivemos)”, ressalta.

O IFPA, por meio da Pró-Reitoria de Pesquisa, Pós-graduação e Inovação (Proppg) tem incentivado e garantido a formação continuada dos servidores por meio de Editais de Projetos de Pesquisa e Publicação. O professor Breno agradece à equipe da Proppg e Edifpa e afirma que isso tem sido muito importante para a realização de doutorado e a publicação de livros.  Fez questão, também, de agradecer à Universidade Federal do Pará que, por meio do Programa de Pós-graduação em Sociologia e Antropologia, o acolheu, ofereceu apoio institucional e divulgação da pesquisa em seus canais de comunicação. Agradece também a Universidade Federal do Piauí, a Universidade Nacional Brasília e a Editora da UFPI.

Nos agradecimentos pelo lançamento do livro, o professor Breno menciona a Seção de Ciências Humanas do campus Belém, da qual faz parte, e na qual se encontra professore(a)s e pesquisadores(a)s. “São amigos que foram e continuam sendo grandes incentivadores desta e de outras pesquisas por meio do Grupo Interdisciplinar de Estudos e Pesquisas em Cultura, Educação e Política (GICEP); por fim, agradeço aos interlocutores da pesquisa, entre eles noivos, noivas e integrantes das pastorais religiosas responsáveis pela organização dos chamados Cursos de Noivos nas paróquias da Santíssima Trindade, em Belém, e Nossa Senhora de Fátima, em Teresina”.

 

O livro está a venda pela editora do UFPI:  https://www.editoracancioneiro.com.br/product-page/religi%C3%B5es-ritos-e-patrim%C3%B4nios-culturais

 

 

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