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Detentos participam de projeto de criação de animais e plantio de hortaliças

  • Publicado: Quinta, 31 de Agosto de 2017, 16h50
  • Última atualização em Quinta, 31 de Agosto de 2017, 16h51
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"Aqui a gente aprende cada dia um pouco mais. Seja na compostagem, na plantação das hortaliças ou no preparo da alimentação que a gente dá pros animais. É muito bom poder trabalhar aqui". O relato é do detento Arnaldo dos Anjos dos Santos que participa do projeto Lavoro, uma iniciativa realizada entre a Superintendência do Sistema Penitenciário do Estado (SUSIPE) e o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará (IFPA), localizado no município de Castanhal.

No projeto Lavoro, dez internos do regime semiaberto da Colônia Penal Agrícola de Santa Isabel (CPASI) desenvolvem atividades da agricultura e zootecnia. Práticas da caprinocultura, bovinocultura, suinocultura e avicultura são algumas das tarefas desenvolvidas pelos internos. Existente há 13 anos, o projeto oportuniza o aprendizado, a reintegração e um novo olhar dos internos para o campo.

No dia a dia dos detentos, o trabalho se mistura com a satisfação de ter uma ocupação e pelo bom relacionamento entre internos, funcionários e estudantes do campus. Seja no preparo do adubo que fará nascer verduras bonitas e saudáveis ou na alimentação e manejo dos animais que na distância da família, passam também a ser companhias.

"Todos os dias eu venho até aqui, limpo o criadouro, dou ração e observo eles crescendo, até eles estarem prontos para a próxima etapa. Eu já sei quais são os dóceis e também quem é mais agressivo. Já é uma relação que tenho com eles", conta Francisco Batista de Souza, interno responsável pela criação dos porcos. Desde quando nascem, os suínos passam por várias fases desde os cuidados nos primeiros dias de vida, crescimento, engorda e postura. Francisco participa de todos os processos.

Para o coordenador da fazenda e produção do IFPA-Castanhal, Ezequiel de Moraes, a presença dos internos na instituição é de extrema importância. “Eles são os que mantêm o setor de produção ativo. Aqui eles aprendem e colocam em prática tudo o que foi ensinado. E não há dúvidas de que o projeto Lavoro é uma experiência exitosa e eles estão aptos a se ressocializarem na sociedade”, afirmou.

Além de todo o aprendizado e a experiência absorvida, a cada três dias trabalhados é remido um dia da pena. Os detentos também recebem ¾ do salário, um valor significativo para manter em dia a conta da família enquanto a liberdade não chega. “Hoje, o que eu ganho ajuda lá em casa minha esposa que está desempregada, mas eu quero poder um dia sustentar a minha família como meu próprio negócio. Minha vontade é ter minha própria terra pra poder cultivar. Muita coisa que eu não sabia, como a compostagem (reciclagem do lixo orgânico para produção de adubo orgânico) eu vim aprender aqui e vou usar quando tiver a minha plantação”, afirma Ediel Pimentel dos Santos.

Qualificação Profissional

Diferente do passado, o êxodo rural ganhou caminho inverso e atualmente muitos investimentos estão se consolidando na área do campo, como o cultivo da soja e do dendê, por exemplo. Para mostrar aos internos que o campo pode e deve ser visto como uma área de atuação que oferece oportunidade de emprego, nos meses de junho, julho e agosto o IFPA realizou um ciclo de oficinas com o tema: “Capacitação em práticas agropecuárias”. Os conteúdos abordados foram: higiene na ordenha, o preparo de área, a compostagem e o manejo da pastagem.

As oficinas foram ministradas por estudantes do Núcleo de Pesquisa, Difusão e Tecnologia Agropecuária da instituição, tendo como tutores professores, mestres e doutores da área. A interação entre alunos e os internos foi satisfatória. “Foi um momento ímpar na nossa vida acadêmica. Eles se sentiram muito honrados em participar e fizeram bastante perguntas, demonstrando total interesse no que estava sendo dito, pois eles sabiam da prática, mas pouco da teoria, dos cuidados existentes ao realizar  determinado serviço. Eles agora têm o conhecimento teórico e prático”, finalizou a aluna de agronomia, Camila Leite.  

Para o diretor de Reinserção Social da Susipe, Ivaldo Capeloni, o diferencial do projeto para os demais é a oportunidade de qualificação que é dada aos internos. “É muito bom o fato deles estarem trabalhando e ao mesmo tempo tendo esse ensino que pode fazer a diferença no futuro da vida deles. Perceber que eles estão aproveitando, melhorando a conduta e provando que são pessoas recuperadas e que podem ser úteis na sociedade”, ressaltou.

O próximo ciclo de palestras está em fase de planejamento. Por sugestão dos internos, técnicas da agricultura familiar, como cultivo do açaí, mandioca, feijão e milho devem ser os próximos assuntos a serem abordados.

 

 

Por Aline Saavedra | Foto: Akira Onuma (Ascom/ Susipe)
Superintendência do Sistema Penitenciário do Estado do Pará
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